segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sono dos justos

Nada melhor do que ter uma cama boa. Aquele colchão de espuma que fica com o formato da sua bunda gorda deitada nele todo dia não é legal. Tem que ser um colchão de mola, meio duro mas confortável e espaçoso. Cama pequena, não rola, principalmente se você tem mais do que 170cm e 75kg (diminuo o peso o quanto eu quiser e você que é feio?).

Minha cama eu vou comprar em suaves parcelas da companheira de apto, a Paulinha. Melhor negócio que eu já fiz na vida! A cama é de solteiro, mas é um espetáculo, eu não preciso nem dormir muito pra dormir BEM.

Não sei vocês, mas sem uma boa noite tarde de sono, eu sou só matéria orgânica rastejante. Dormir bem me deixa alegre, me faz ser mais educada que o normal e até distribuo abraços grátis. Acordar revigorada é a melhor de todas as melhores coisas do mundo.

A minha cama eu não divido com ninguém.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Decisões

Quando você é criança e vê os adultos brigando, não se dá conta do quanto aquilo é necessário. Cada discussão terminada em sorvete de chocolate, bico e um sorriso amarelo é essencial para que o ser, como humano, saiba tomar importantes decisões para que você, pequeno ser, seja feliz no futuro.

Isso posto, tive que encarar pela primeira vez em toda a minha vida de Quase Adulta, uma dessas discussões. E foi com a pessoa que eu menos gostaria: meu Pai.

Conversar sobre pagar o próprio aluguel, comprar a própria cama, lavar as próprias roupas e - o campeão de medo de 11 em cada 10 pais - cozinhar foi muito mais difícil do que eu imaginava, não por ser a segunda dessas discussões, mas por meu pai ainda não querer que eu seja independente. Ainda mais que ele completou 72 anos e a última coisa que ele queria é ver a filha dele debandar de vez...

Família a gente não escolhe - ainda bem, porque eu tenho dedo podre - mas a gente tem que saber a hora de deixar que a família se vire um pouco sozinha, por mais que isso seja  dolorido e que saibamos o quanto pode nos magoar.

Quando tomei a decisão de ser independente, de ser quem eu sempre fui e tinha escondido na caixinha de música porque tinha vergonha, de dar a cara a tapa e de me tornar melhor, eu não sabia que seria tão difícil, mas eu fui lá e fiz.

Se eu, que tinha milhões de segredos embaixo do travesseiro consegui, qualquer um pode, só falta mesmo tentar.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meu Velho

Eu não sei como será a minha vida quando eu tiver 33 anos. Ou 43. Ou 53. Mas eu sei como eu quero que seja a minha vida quando eu tiver 72. Eu quero ser como o meu Pai.

Seu rosto já é coberto de rugas, de preocupações e de histórias. Ele tem a palma da mão fininha por ter trabalhado numa fábrica de corda aos 10 anos de idade. Ele tem os olhos pequenos e medrosos do menino que apanhava da professora e por isso tem raiva de ler. Papai tem a vitalidade que eu nunca tive na vida, tem o gosto por pequenas grandes coisas e, em toda a sua sabedoria, tem lá seus medos também. Desde que perdeu minha Mãe, ele reclama de ter que fazer comida e lavar a louça, sai de casa pensando em não voltar mais mas depois de 10 minutos na rua quer fazer tudo correndo pra voltar pro seu teto. Conquistou tudo com muito, muito esforço. Papai é um cara difícil, mas é sensível, ele não tem vergonha de chorar. De todas as qualidades e defeitos do meu velho, chorar e não ter vergonha é a que eu mais admiro.

Homens que choram são aqueles que tem coração, aqueles que são capazes de amar - por mais que não queiram ou aceitem isso -, são homens que tem marcas profundas que eles ignoram na maior parte do tempo e que são fortes o suficiente pra deixar cair a máscara de Super Homens para demonstrarem suas fraquezas.

Com meu Pai aprendi a lição mais importante de toda a minha vida:

"Fraqueza não é chorar ou demonstrar o que sente, o verdadeiro fraco é aquele que tem medo dessas coisas"

Parabéns, Papai, pelos seus 72 anos de luta, de história, de perseverança e de amor.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Para os outros e para mim

Nessa busca pelos meus personagens fantásticos que habitarão o imaginário popular, me peguei pensando novamente em quanto sou egoísta. Eu não consigo escrever para os outros lerem, não sei receber elogios sem achar que na verdade estão rindo do texto e não entendo como o que é bom pra mim pode ser bom para os outros. Mas, mesmo assim, eu tenho a coragem de vir e expressar tudo isso aqui, num blog.

Ter um blog é como despir-se na frente de uma construção inacabada: os pedreiros vão olhar pra você mesmo que seus peitos batam no umbigo e que a sua bunda seja uma lua cheia em dia de verão, muitos deles vão elogiar mesmo que você seja (ou se sinta) a própria Globeleza depois da guerra, da tempestade e do tsunami. O problema é quando rolam os comentários negativos e revoltosos, que são como um tiro de .22 no coração, com a ponta da bala oca, que é pra causar mais estrago... Dói quando você se esforça para escrever um texto e não recebe comentários legais, dói quando alguém dá risada e quando te criticam com ou sem razão, só que foi você que escolheu tirar a roupa na frente de todo mundo e se você tem coragem para mostrar tudo assim, sem medo do que pode vir a acontecer depois, tenho uma notícia que vai te interessar: Você É Especial.

Eu me sinto especial por ter a capacidade de elaborar, mesmo que muito porcamente algumas vezes, ideias em forma de palavras, contar histórias usando todo o vocabulário adquirido em anos de escola e livros. Eu não tive medo de arriscar antes, mas nesse mundo de blogs, onde é tudo muito mais explícito e carnal, eu não sei se eu consigo realmente colocar tudo pra fora.

E como uma pessoa insegura num palco gigante pela primeira vez, a minha vontade é de sair correndo pra vomitar, mas eu sei que, de alguma forma, me sinto na obrigação de não decepcionar vocês. Mesmo que vocês só existam na minha imaginação.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Diagnóstico

Pensar excessivamente em pessoa ou situação caracteriza um quadro clínico latente, mesmo que o paciente esteja em completo estado de negação.

Tal estado mental é descrito pelos poetas e pela cultura popular como "paixão".

A psiquiatria deveria encarar como patologia incurável.

O remédio para tal quadro é o tempo.



Eu escrevi essa brincadeira numa agenda em 2003, quando achei que estava loucamente apaixonada pela primeira vez. Não era paixão, era só uma pústula emocional.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Fruta da época

Se eu tivesse 23 anos em 1988 - o ano em que fui cuspida ao mundo - seria uma pessoa bem estilosa.

Calças com a cintura alta, camisetas, tênis surrado no pé, nos dias de glamour lápis preto e algum batom berrante na boca e pronto, o estereótipo perfeito do restrito código de vestimenta 80s.
No mais, o grande charme dos Anos Dourados de muita gente, eram os seus cabelos. Nada de kolene e chapinha para desarmar a moita, naquela época o permanente era rei, quanto mais alto, volumoso e enrolado era o seu cabelo, mas pós-punk-alternativo você era. Ok, não sei se era tudo tão simples assim, talvez não fosse, mas nas fotos da minha irmã (que tem 43 anos), todo mundo usava o cabelo pra cima - o horror dos cabeleireiros modernos.

A verdade é que além de usar o dress code da época, o meu cabelo é o retrato da rebeldia: enrolado, armado e vive bagunçado. Isso me faz crer - aliado ao fato de que me modernizei musicalmente há pouco tempo - que nasci errado. Eu me atrasei, fácil, uns 18 anos.

A parte boa de ter esse style 80s é que, agora, moda se renova, tudo que é diferente é estiloso então, no final das contas, não fujo muito do padrão...

Cadê a sua chapinha agora?
A conclusão desse post está muito na cara: eu poderia ter me adiantado 18 anos e ter vivido todo o lifestyle 80s, mas foi bom ser um espermatozóide paciente, já que tenho todo o visual 80s no seu grande revival sem precisar achar Legião Urbana supercool.


(Fonte da Imagem)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ego-ísmo

Um dia escasquetei que escreveria um livro de contos. Eu teria belas paisagens pitorescas e animados personagens geniosos (não geniais), falaria sobre a sobriedade humana diante dos problemas mundanos e daria doses homeopáticas de tapinhas na sociedade individualista em que somos meros figurantes.

Consegui?
Claro que não.

Eu sou a sociedade individualista. Não consegui escrever um texto sequer sem vislumbrar toda a minha frustração como pessoa dentro de personagens bobos, tão ou mais patéticos do que eu. Não tenho a licença poética de pessoas como Rubem Braga ou Rob Gordon. Não consigo fazer personagens sem um "quê" da minha personalidade insossa, o que acaba em histórias roubadas da minha vivência, sempre baseadas nos meus erros e com tantas referências a pessoas que passaram pela minha vida que teria de pedir seus Direitos caso um dia o livro fosse publicado.

Foi por puro egoísmo que deixei o plano de ser escritora para a Próxima Vida (que começará em 5 anos caso meus planos dêem certo - o que não inclui Morrer).

Meta do dia: Aprender a Imaginar.
Meta atingida: Melhoria no Vocabulário.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Faço, desfaço, refaço...

Tem épocas da minha vida que são indescritíveis. Não dá pra escrever por nada, sem vontade, sem prazer e eu tive um final de ano desse tipo... Não que escrever seja ruim, ao contrário, é minha redenção, mas tem dias que não sai, não vai, não anda e mesmo empolgada com o meme das antigas, resolvi dar um hiatus de férias mentais para mim e, consequentemente, para o blog.

Agora retomo minha incessante busca às interpretações do cotidiano, as desopiladas do corpo e da mente e aos pequenos prazeres das palavras.

O vocabulário melhorou, tenho lido bastante: estou na releitura de "Tópicos Especiais Em Física Das Calamidades" e no final do ano li "A Estrada da Noite" - apesar do meu ceticismo em bons livros de terror.
Livros são totalmente imaginativos, considerando eu o terror, o suspense, o misticismo e o lugar comum disso tudo são separados por uma linha tênue, tem horas que é impossível ter uma boa ambientação da história de modo a transportar o leitor para dentro da narrativa e causar arrepios. Não tive nenhum arrepio, Joe Hill. E seu pai, Stephen King, também nunca conseguiu me fazer esconder a cabeça embaixo das cobertas... O único autor de terror que já me fez ter pesadelos foi H.P. Lovecraft mas aí entramos num nível acima que pai e filho não alcançaram. Não que eu abomine, mas muitas vezes fica bobo, mas claro que essa é minha opinião e como eu sou chata, muito chata, não merece nem ser levada em consideração pelos fãs...

No mais, a vida está boa. Os projetos começam a tomar forma, o que era antes um borrão agora já tem linhas distintas e a tendência é melhor. Ninguém tem o poder de te fazer pensar positivo, mas o Universo já provou que quem corre atrás com vontade, sempre consegue, certo?

Desejo a todos vocês, queridos 3 leitores, meus sinceros votos de um Ano Novo espetacular, com muita saúde, sucesso e vontade de seguir em frente... Todo o resto é consequência.