segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fall

Just because she likes the same bizzaro crap you do
doesn't mean she's your soul mate.


Minha cabeça vive uma bagunça total... Se eu não sou feliz profissionalmente, eu não consigo ser feliz em mais nada, por mais que eu tenha as meninas que moram comigo sempre por perto, por mais que algumas (poucas) pessoas consigam me fazer sorrir e por mais brilhos açucarados que meus olhos saiam espalhando por aí. Não é por ser workaholic, é só porque quando uma coisa tão importante fica torta do jeito que tem estado, parece que arrumar aquilo vira prioridade da razão - e de passional eu não tenho absolutamente nada - por isso eu tento mudar, melhorar, eu deixo as pedras de lado, eu não vou armada, eu vou limpa de consciência e espero que seja o suficiente, mas nunca é. Perde-se a vontade e pronto.

É por isso que eu não entendo essa necessidade das pessoas de estarem com alguém, de se armarem, de criar necessidades que não existiam. Alô, sai, me deixa sozinha, eu preciso de mim e só de mim um pouco. Eu preciso sair num sábado a noite e chegar dando risada, sozinha. Eu quero poder ir onde me der na telha, a hora que me der na telha, sem alguém ligando preocupado no meu celular... Sabe, sou independente, pago minhas contas sozinha, não preciso de alguém como meu pai ou minha mãe enchendo o meu saco. Eu gosto de como está, de voltar pra casa sem ter o compromisso de precisar falar com alguém, só contar o meu dia caso a Theopi me pergunte no café da manhã, de sair sem precisar me preocupar com outra coisa além de quão gelada está minha cerveja, poder voltar pra casa e não ter que encontrar ninguém no dia seguinte, não chegar atrasada pra compromisso nenhum como se isso fosse uma afronta e pagar no bar só aquilo que eu consumi...



Se é pra escolher, eu prefiro continuar dentro da minha casquinha, meu casulo, que se você joga muito pra cima mata toda a beleza que tem dentro, justamente por isso eu fiz o meu tão escondido, mas tão, que ninguém vai achar, ninguém pode achar. Lá no fundo existe uma borboleta, mas pra libertar precisa de mais do que um jantar, um cinema e todo o resto que você acha muito especial... Tem que fazer com que seja incondicional, puro, simples e mais doce que marshmallow. Sim, é mais difícil do que parece a princípio.



(O que eu tenho de Summer [e depois de Tom] é a certeza de que toda essa conversa sobre apaixonar-se não passa de um Conto de Fadas... Passa-se a vida inteira ensinando para meninos e meninas que amar alguém é a solução para os problemas quando na verdade você precisa amar a si mesmo antes de qualquer outra pessoa, porque assim - e só assim - você consegue determinar com certeza o que é melhor pra você sem sofrimentos, sem chororô, sem todas as paranóias que as pessoas insistem em achar que são sinônimos de um sentimento que não precisa ser nada além de simples. Ao contrário do que alguns podem pensar, não fico baseando minha vida em filmes, mas quando me disseram [com um pouco de raiva] que eu precisava ver esse filme, fiquei curiosa, mesmo. E, mesmo que não tenha nada a ver comigo, tem muitas verdades ali, como essa aí de cima.)

500 Dias Com Ela
We Heart It

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Os Homens Já Mortos da Minha Vida - E sua relação com a Sociedade

Karl Marx foi o grande ídolo da minha adolescência até eu conhecer três caras que mudaram minha visão de sociedade. Eu achava que o comunismo e o socialismo eram a solução para tudo, que agricultura de subsistência daria certo e que ninguém precisa de dinheiro pra sobreviver. Tentei até ostentar um sovaco cabeludo na época, mas meu senso de higiene falou mais alto.

Marx é utópico. A sociedade precisa aprender a viver em sociedade antes de ser livre. É por isso que a Justiça se faz tão necessária. Como a Paulinha me explicou, existem quatro verdades: a verdade do réu, a verdade do juíz, a verdade da vítima e como tudo aconteceu de verdade - o que só os envolvidos sabem. Nós temos nossos segredos e, principalmente, nossas limitações, por isso é impossível acreditar que se fosse tudo livre, não teríamos abusadinhos - mesmo que fosse ensinado aos cabeças de bagre desde criança que aquilo era errado, eles ainda fariam justamente por ser errado. A sociedade é feita de regras que são quebradas por idiotas o tempo inteiro, num grande paradoxo, se você quebra as regras você é melhor que o outro. Vai entender...

Quando li "Admirável Mundo Novo" tudo que eu imaginava sobre sociedade foi pro saco. Estamos caminhando pra opressão televisiva (e cibernética também, não negue) enquanto livros, conhecimento prático, o bom e velho "mão na massa" ficam com as mazelas menos favorecidas. Eu tenho a leve impressão, às vezes, que a Nova Classe Média só lê o que está escrito na wikipédia e de lá vem todo seu conhecimento a respeito de autores renomados que são comentados na Baixa Augusta... Eu espero que seja só impressão minha, sinceramente, porque aceitar que o mundo vai mais e mais pro condicionamento humano do que para o conhecimento pleno me tira todas as esperanças... Enfim, foi o primeiro cara que me mostrou umas verdades me dando tapas na cara, uma coisa meio "olha como a televisão de idiotiza, vai, fica presa nela, daqui a pouco vão te dar pílulas e você só vai conseguir usar e ver televisão e será sua FAMÍLIA, a única coisa que você adorará enquanto não consegue sentir nada pelas pessoas, enquanto não se apega a ninguém e vive numa ilusão onde a realidade é muito mais cruel: você vai estar sempre sozinha". Caiu a ficha, sabe? Não que a televisão seja a culpada de todas as coisas ruins do mundo, não é, mas ela te dá apenas um lado da moeda, é parcial e pragmática. Não acredito também no romantismo oculto nisso tudo, que é justamente a busca pelo conhecimento, mas acredito que se você mexe a bunda do sofá e vai fazer alguma coisa de útil de verdade, você já tem um conhecimento mais elevado do que da maioria das pessoas ao seu redor.

Aí li Machado de Assis. Eu já havia lido e resolvi ler de novo, sem aquela obrigação de interpretar capítulo por capítulo como a apostila da escola pedia. "Não, agora eu posso devorar o livro e é o que eu vou fazer". Se você quer saber, Machadão é um dos meus caras mortos favoritos. Tudo o que ele mostra pra você é o que se consegue ver quando olha-se em volta. Você vê as pessoas ricas, as pobres, as submissas, as traídas, as infelizes, as amarguradas, as decepcionadas e ao mesmo tempo você consegue ver como a sociedade - principalmente a nossa - é aristocrata e mesquinha, vil e desconfiada. Não vou entrar nem no mérito sobre o pai do bastardinho ou da frieza da Capitu, não é isso em jogo nesse momento, mas sim no idealismo oculto do próprio Casmurro, em como ele via o mundo de uma maneira única. Quantas vezes você parou para olhar pela sua janela e realmente olhar?

Aí conheci meu grande e querido Nabokov. Tinha uns 19 anos quando li Lolita e não achei tudo isso, até ler Glória. É INCRÍVEL. Fica na minha lista de leitura essencial, porque mostra todo o romantismo e ao mesmo tempo toda a crueldade que existe no conceito de "liberdade" que a gente aprende por aí. Glória tem o casal romântico, tem as brigas, tem as disputas por atenção mas tem, acima de tudo, uma naturalidade que faz com que você queira ser Martin e queira estar em Zoorland, porque você sabe que aquele mundo é o ideal... E aí você olha pra dentro de si e percebe que na verdade esse mundo ideal é seu, é você quem faz. A sociedade pode se deteriorar o quanto quiser que você ainda estará porque é forte, porque pode, porque quer e porque buscou isso...

No final, todos eles buscam um ideal. O que é um ser humano sem um ideal? O que você faria sem um objetivo sequer? Qual o problema de ser diferente, de pensar diferente, de não acreditar em instituições pré estabelecidas? Você precisa mesmo ser igual aos outros? Você já se fez alguma dessas perguntas?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A incrível arte de fazer tudo errado...

Minha adolescência só não foi mais traumática porque eu tinha uma companheira de todas as horas, minha prima Larissa - a Lara em casa e a "Freira" para os amigos.

Ela me apelidou de Bafo's Girl. Eu morria de vergonha desse apelido até constatar que todo mundo tem bafo de cabo de guarda chuva mergulhado no chiqueiro quando acorda. Ela tentou bravamente me orientar para coisas simples, bobas, mas que só agora eu entendo e dou atenção.

Eu errei com ela. Errei feio. Ela me perdoou, mas a nossa relação nunca mais vai ser a mesma, até porque quando a gente cresce - e nos tornamos menos insuportáveis (como ela sempre me falava) - passamos a dar importância pra nós mesmos e começamos a ter muitas responsabilidades que nos tomam todo o tempo e a razão. Uma boa faculdade, um emprego legal, ajudar na casa, morar sozinha, ralar pra ter uma grana sobrando no final do mês... Quem falou que é fácil se enganou completamente.

Eu entendo a separação e hoje eu sei que a nossa fase, juntas, foi a melhor de toda a minha vida. Sem a Freira, eu teria saído dos eixos e seria uma pessoa muito amargurada. Com a Freira eu cometi erros dos quais me arrependerei pelo resto da vida, mas que foram necessários pra fazer quem eu sou hoje. Eu ainda erro, muito, com um monte de gente... Mas hoje eu não erro mais comigo e essa é a lição mais importante que a Lara me ensinou.

Obrigada.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Só uma vez

Só uma vez eu queria ter um "encontro", aquela coisa de cinema, hora marcada, me pega em casa, jantar, muita conversa, um vinho de uma cartela de verdade, me levar em casa e não sair com o carro até eu ter entrado no prédio, ligar no dia seguinte pra saber se está tudo bem, ligar no final do dia pra dizer que sente saudade, segundo encontro, a vontade de ficar junto aumenta também, terceiro encontro, ligações só pra dar bom dia e boa noite, um e-mail com uma música pra mim, um beijo no pé da orelha e escondidinho, mãos dadas como adolescentes, um olhar diferente, sexto encontro, acordar junto com bafo, ouvir que mesmo descabelada e sem maquiagem eu sou linda, vigésimo encontro, um puxão de orelha por mau comportamento, uma reconciliação, trigésimo sexto encontro, escovar os dentes juntos e sair correndo pra trabalhar, nonagésimo oitavo encontro, fingir que estou dormindo e ouvir que sou a mulher da vida inteira, encontro oito mil trezentos e noventa e sete, família reunida, papel de parede ou suvinil, sofa ali, microondas novo, notícia boa, chá de bebê, fraldas, noites sem dormir, encontro vinte e quatro mil e quinhentos, naquele lugar do primeiro, o mesmo vinho, o mesmo olhar apaixonado...

Eu poderia querer tudo isso, tudo mesmo, mas eu me contento em ficar só até o terceiro, só uma vez, só pra fazer diferente.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Experiências

Na minha ânsia por ser escritora, já fiz algumas coisas das quais me arrependo.

Li em algum lugar que anotar características de pessoas aleatórias na rua poderia ser um excelente exercício de criação de personagem, então lá fui eu, caderninho na mão, caneta no bolso e um shopping lotado. Foi quando eu descobri que infelizmente eu tenho sérios problemas em caracterizar pessoas. Alto, baixo, cabelo comprido, curto, loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, ladrão, polícia, capitão... Isso tudo é muito fácil de descrever, o grande problema é quando você precisa dar personalidade pro seu Frankenstein, quando precisa dizer se ele sabe amar ou se matou alguém... É aí que me perco e começo a misturar tudo, enfiar no cérebro dele características que não existem de verdade e, pronto, me sinto culpada. Eu não conheço aquela pessoa, como eu posso ousar imaginar quem ela é?

Fiquei com medo de um dia parar alguém, um possível personagem, na rua e perguntar se, de fato, ele já havia matado alguém...