segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Meu Velho

Eu não sei como será a minha vida quando eu tiver 33 anos. Ou 43. Ou 53. Mas eu sei como eu quero que seja a minha vida quando eu tiver 72. Eu quero ser como o meu Pai.

Seu rosto já é coberto de rugas, de preocupações e de histórias. Ele tem a palma da mão fininha por ter trabalhado numa fábrica de corda aos 10 anos de idade. Ele tem os olhos pequenos e medrosos do menino que apanhava da professora e por isso tem raiva de ler. Papai tem a vitalidade que eu nunca tive na vida, tem o gosto por pequenas grandes coisas e, em toda a sua sabedoria, tem lá seus medos também. Desde que perdeu minha Mãe, ele reclama de ter que fazer comida e lavar a louça, sai de casa pensando em não voltar mais mas depois de 10 minutos na rua quer fazer tudo correndo pra voltar pro seu teto. Conquistou tudo com muito, muito esforço. Papai é um cara difícil, mas é sensível, ele não tem vergonha de chorar. De todas as qualidades e defeitos do meu velho, chorar e não ter vergonha é a que eu mais admiro.

Homens que choram são aqueles que tem coração, aqueles que são capazes de amar - por mais que não queiram ou aceitem isso -, são homens que tem marcas profundas que eles ignoram na maior parte do tempo e que são fortes o suficiente pra deixar cair a máscara de Super Homens para demonstrarem suas fraquezas.

Com meu Pai aprendi a lição mais importante de toda a minha vida:

"Fraqueza não é chorar ou demonstrar o que sente, o verdadeiro fraco é aquele que tem medo dessas coisas"

Parabéns, Papai, pelos seus 72 anos de luta, de história, de perseverança e de amor.

Um comentário:

Anunciação disse...

Um abraço no seu papi por mim.

Postar um comentário

Não me responsabilizo por seus comentários, independente de você ser ou não alguém na night.
Isso aqui é uma ditadura e comentários ofensivos são deletados.