domingo, 12 de dezembro de 2010

Meu pior dia de 2010

Em 2010 aconteceram muitas coisas ruins, mas nenhuma delas me deixou com uma sensação de impotência tão grande como quando descobrimos, eu e minha amiga, que ela estava grávida.

Ela havia me ligado e me mandado um e-mail uns dias antes, falando de que estava desconfiada, que ninguém sabia, só eu e que se ela realmente estivesse, não saberia o que fazer. Ela evitou fazer o teste, estava morrendo de medo. Chamei ela pra ir até minha casa, passamos uma tarde agradável juntas, pedi pra ela dormir lá, fui até a farmácia, comprei um teste e dei pra ela. Era a hora de saber a verdade.

Ela tomou, fácil, mais de dois litros de água, mas não tinha a menor vontade de fazer xixi - evitar o inevitável, eu diria - naquela hora ela estava um bagaço. Nunca tinha visto ela sem maquiagem, despenteada, com uma roupa qualquer e naquele dia, ela era o retrato da degradação. Ela estava triste, com uma tristeza tão aguda e doída, que doeu em mim.

Quando veio a confirmação, minha amiga, aquela que sempre passava por cima dos problemas, que sempre tem uma palavra de conforto para todo mundo, chorou. Ela não sabia o que fazer. Se abateu sobre mim uma sensação de impotência por não saber o que dizer naquela hora e por não conseguir dar uma ideia do que ela pudesse fazer... Minha melhor amiga, grávida de um avulso qualquer e eu, a única que sabia da situação, estava de mãos atadas e não tinha como ajudá-la.

Hoje ela e a família aceitaram o que aconteceu, afinal, aconteceu e não tem como voltar atrás. O bebê está lá, forte, saudável, vai nascer no Carnaval. Não consegui ir no chá de bebê, mas pretendo visitá-la bastante, principalmente agora com os últimos acontecimentos - fui relapsa, sai de perto quando ela mais precisou por puro egoísmo e agora vou voltar porque eu sei que ela precisa de mim e porque, de uma maneira mais secundária, eu preciso dela também.

O segundo pior dia do ano foi quando minha avó faleceu e eu não pude ir no velório. Senti a mesma sensação de ataduras em minhas mãos. Mas vovó precisava descansar, todos nós já sabíamos disso... Como eu costumo ver alguma beleza até nas tragédias, eu vejo que Vovó foi encontrar com minha Mamãe, de quem ela sentia muita falta e vai finalmente descansar, não tem mais dor onde ela está agora e o sofrimento se foi.


Esse post faz parte do Meme das Antigas e é um excelente exercício de memória em 2010. Alguns posts são bem divertidos, esse aqui é mais denso, a parte legal é que você pode brincar também. Clique aqui!

Um comentário:

MaxReinert disse...

E assim a vida vai se construindo... de momentos marcantes que, mesmo ruins, nos ajudam a encontrar a dimensão dos momentos bons.... com certeza, a impotência diante de uma situação dessas é uma sensação complicada!

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