quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Curriculum Vitae

Eu ficava no balcão da sorveteria quando era pequena, minha função era espetar a colher no sorvete das pessoas. Esse não foi meu primeiro emprego de verdade, mas é o que eu mais gostei, porque eu via muita gente.

Meu primeiro emprego de verdade foi na "Rosélia Braga", uma escola onde minha irmã era vice-diretora. Eu ficava na secretaria, fazia declarações escolares, históricos escolares, fuçava na vida dos alunos, montava carteirinha e ficava de olho em eventuais briguentos que pudessem aparecer. De vez em quando surgia algum pai/mãe meio problemático, daqueles que a gente fica até com dó da criança (por mais que seja um capetinha) porque sabe que a culpa de verdade não é dela.

Fui trabalhar, então, na prefeitura. O primeiro setor que passei foi o de Divida Ativa, que eu, aliás, detestava. Não pelo trabalho em si, que consistia em guardar fichas nos arquivos - que é meio ridículo né? - mas pelo pessoal. Não me aceitavam ali dentro, não gostavam do meu corte de cabelo, nem da maquiagem carregada nem do visual meio bizarro que eu usava na época. Eles eram todos meio fanáticos religiosos e não aceitavam quando eu não participava das "orações" deles e tal, porque eu não sentia no meu coração que eu precisasse daquilo, prefiro praticar a minha fé do meu jeito e eles me julgavam por isso.

Mudei de setor e fui pro Comércio. Opa, lá era bem legal! Tinha uma supervisora gente boa e uma diretora genial, peguei o jeito do serviço rapidinho - enquanto na DA eu ficava arquivando fichas, aqui eu tinha que fazer os cadastros no micro, receber, arquivar e encaminhar processos e fazia atendimento ao público - não lembro bem porque eu sai, mas acho que foi por causa do meu ex-namorado, ele não gostava do fato de eu trabalhar e ele não, daí ele pediu pra eu não trabalhar e ficar mais tempo com ele. Eu tinha 17 anos e me dava o direito de ser burra, mas aprendi a lição.

Um ano depois entrei no projeto social. Como era BOM trabalhar no projeto! Além de fazer minhas funções como assistente administrativo - a papelada de RH, controle das crianças, assessoria de imprensa e programações de atividades - eu ainda tinha o prazer de descer no pátio e jogar queimada, futebol, pular amarelinha e conviver com aquelas crianças que me ensinaram muito - ali eu não só via como pais podiam ser problemáticos e influenciar as crianças negativamente, como também vi muitas crianças tão inocentes que nem se davam conta dos problemas a que se sujeitavam. Era triste, mas elas encaravam com tanta alegria, que não tinha como sair de lá mal... Toda tragédia tem sua beleza, não é?

Um dia eu decidi que queria mudar de vida. Ficar rica. Hahahaha, podem rir, até eu estou dando risada. Eu achei que fosse fácil, que era só estar no lugar certo, então mudei para São Paulo. Trabalhei em três agências, todas com Social Media, numa delas eu era uma "semeadora", eu tinha que ajudar a ação a se promover dentro das redes sociais - tipo uma PR 2.0, com menos glamour -, em outra eu fui uma espécie de gerente onde eu pensava nas ações, o cliente aprovava e eu colocava o pessoal pra trabalhar - confessar que eu adorava o pessoal, por isso era muito mais fácil trabalhar com eles. Numa outra, a mais recente, eu também fui muito feliz, porque tinha que alimentar blogs, trazer pessoas pra seguirem as marcas nas redes sociais, tinha que ter boas sacadas pra escrever no facebook e no twitter - eu estava no meu ambiente, por isso era fácil - fora que o pessoal de lá era um amor, sinto saudade. Aliás, sinto saudade de todo mundo que eu tive o prazer de trabalhar nessas agências, porque eu aprendi muito com eles.

Antes de trabalhar nessa agência mais recente eu trabalhei no puxadinho mais legal do mundo. Lá eu entrei como redatora, comecei com pequenas notas, depois e-mail marketing e até catálogos! Não só adquiri muita experiência com o chefe mais legal do mundo - o Pavoni - como também aprendi que roxo e verde não combinam (por mais que eu queira), que tem pessoas que não sabem redigir um e-mail e vão te culpar por isso, mas elas podem porque estão pagando e, não menos importante, o cliente tem (quase) sempre razão. Pois é, tive que aprender essas coisas quando comecei a cuidar do cronograma e da agenda apertada do pessoal de design e do chefe - que já não era mais o Pavoni na época - acabei virando uma faz-tudo, de ligar pro cliente cobrando material, ligar pro fornecedor cobrando a prova e ligar pro Habbib's pra pedir esfiha - porque de madrugada todo mundo precisa comer.

Hoje eu trabalho com clipping. Busco na web uma porção de clientes e eles lêem só o que interessa. Para as assessorias de imprensa - e eu já trabalhei com isso sei como é - esse trabalho é fundamental e é bom saber que existem empresas especializadas nisso. Eu gosto do que eu faço, não tem glamour mas é simples, é fácil, é intuitivo e, como não preciso pensar muito pra fazer, ainda consigo ter tempo pra pensar.

Se eu gostaria de voltar pra alguma agência? Gostaria. Sei que com a minha bagagem posso ser muito útil, mas se pudesse escolher com certeza voltaria para redação. Não sou genial, mas tenho boas sacadas. Agora, se eu pudesse voltar no tempo, hoje eu levantaria cedo pra ajudar a Mamãe a arrumar a sorveteria porque mais tarde eu teria colherinhas para espetar no sorvete alheio...

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